domingo, 29 de maio de 2011

Linguagem popular à vontade

Depois de tantas leituras, de ler vários comentários, achei as respostas para as minhas tantas perguntas sobre o livro que foi adotado pelo MEC para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).  
A polêmica é grande. Muitos estão contra e existem muitos questionamentos, partindo de mim, porém me achei quando lembrei da nossa Constituição. Há um tempo, se pedisse para eu ler o que estava escrito ali, não iria entender nadica de nada. Ainda, nos dias de hoje, tenho que andar com o meu amigo dicionário para poder entender algumas coisas que ali estão. Quando eu pegava a Constituição Federal, não tinha a mínima vontade de ler, achava muito irritante por não entender nada. A partir disto, pensei: Como deve ser difícil para os alunos, que vieram de uma classe menos favorecida, conseguirem entender e se interessarem por algo que não está de acordo com a realidade deles.  
Acredito que um dos motivos que se pensou em modificar um pouco mais do livro didático para a EJA, foi para que os alunos sintam-se à vontade e tenham prazer em adquirir o conhecimento. Não é somente a língua que está em jogo e sim o falante e a sua vivência. O livro é um “para início de conversa”, ou seja, a coisa não é difícil como você, aluno, pensa.  
Segundo Bagno “Seria mais justo e democrático dizer ao aluno que ele pode dizer BUnito ou BOnito, mas que só pode escrever BONITO, porque é necessária uma ortografia única para toda a língua, para que todos possam ler e compreender o que está escrito.” É importante ressaltar que a escola continua sendo o lugar que proporciona essa compreensão, com ela o aluno aprende ou deveria aprender a escrever de acordo com a ortografia oficial.
As palavras como “os livro” e “nós pega o peixe”, que estão sendo tão expostas, serão aceitas na linguagem verbal e serão explicadas quando se tratar da linguagem escrita. Bom, isto não fica difícil de entender, porque o Brasil é um país com uma diversidade cultural imensa, cada povo com sua cultura, cada um com sua gramática particular, sendo assim, não cabe o preconceito quanto à linguagem ou quanto à maneira de se expressar.
Quando relembrei uma parte do livro “Preconceito linguístico” de Marcos Bagno, respondi algumas perguntas que me fazia.
“É preciso garantir, sim, a todos os brasileiros o reconhecimento (sem o tradicional julgamento de valor) da variação linguística porque o mero domínio da norma culta não é uma fórmula mágica que, de um momento para outro, vai resolver todos os problemas de um indivíduo carente. É preciso favorecer esse reconhecimento, mas também garantir o acesso à educação em seu sentido mais amplo, aos bens culturais, à saúde e à habitação, ao transporte de boa qualidade, à vida digna de cidadão merecedor de todo respeito.”

Acredito, diante de tantas coisas que li, que estão fazendo uma “tempestade em um copo d’água”. É importante, antes da gente se posicionar, procurar saber o que realmente está acontecendo, procurar conhecer o assunto ou o causador do ”problema”, porque a mídia e até mesmo as pessoas que nos cercam, muitas vezes, jogam a notícia no ar de tal maneira que influencia negativamente.
De tantas opiniões que li, aqui estão duas:
·      Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vilaça, criticou nesta segunda-feira a adoção, pelo Ministério da Educação, do livro "Por uma vida melhor", que aceita o uso da linguagem popular com erros como "nós pega o peixe".

Leia mais sobre esse assunto em
http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/05/16/para-presidente-da-abl-livro-adotado-pelo-mec-valida-erros-grosseiros-924478589.asp#ixzz1NVHTr0so
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Vicente Celestino 21/05/2011 9:03
Acho que o MEC acertou em escolher o livro em destaque. Na verdade o livro não ensina a falar errado, a obra discute o uso da língua popular, o que está bem presente em todos os departamentos de nossa sociedade. Certamente um bom professor de Língua Portuguesa saberá usar adequadamente a obra em sala de aula. Se a norma padrão fosse a única adequada em todos os contextos, então Luís Gonzaga, Patativa do Assaré e ou Chico Bento deveriam ser corrigidos?
http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2011/05/12/livro-usado-pelo-mec-ensina-aluno-a-falar-errado/livro_mec/

Então é isso pessoal!! Em minha opinião é compreensível a proposta do livro que, segundo o MEC, foi distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLD-EJA) a 484.195 alunos de 4.236 escolas.

Abraços
Cristina Calazans

2 comentários:

  1. Acho que o MEC está querendo ficar moderno e colocando os pés pelas mãos!
    Concordo que estão fazendo tempestade em copo d'água, mas não consigo ver o porquê de escrever um material educacional "errado". Coloquei errado entre aspas pois, quando falamos, estes pequenos deslizes são contornáveis, visto que temos outras maneiras de enriquecer nossos diálogos (gestos, por exemplo). Mas é precido mostrar ao estudante, que quando escrevemos, usamos um único meio para nos comunicar, sendo assim, é importante saber escrever da melhor maneira possível, respeitando as normas, para ser bem compreendido.
    Quanto ao texto constitucional (e aos textos jurídicos em geral) acredito que eles são feitos para NÃO serem compreendidos mesmo! rssssss

    Bjs grandes e parabéns!
    Paula
    www.cantodasimplicidade.blogspot.com

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  2. Ei, querida amiga!!
    Então, "é preciso mostrar ao estudante, que quando escrevemos, usamos um único meio para nos comunicar," e "é importante saber escrever da melhor maneira possível, respeitando as normas, para ser bem compreendido." É previsto que o professor faça isto com o aluno. Essa concepção não deixou de existir.
    Uma das propostas do livro é trazer o aluno para mais perto da realidade dele, com palavras que estão no cotidiano da maioria daqueles alunos.
    É importante ressaltar que os livros, até então, só foram distribuidos para os alunos de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
    Mas, como já te disse, fico feliz em saber que tenho amigos que não concordam comigo em tudo!!
    Obrigada por ter passado por aqui mais uma vez!!
    Bjus e Saudades!!

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