terça-feira, 10 de maio de 2011

Irresponsabilidade nos Passeios Escolares


É a segunda vez que permito que a Natalia (minha filha) vá a um passeio escolar e me decepciono.
A primeira vez foi em 2009 (ela tinha acabado de fazer 11 anos) em uma escola de Resende. Liberei para ir ao passeio escolar de final de ano em um hotel fazenda. Foram dois dias que me trouxeram muitas dores de cabeça.  
Pensando que a escola era bem organizada e preocupada com os alunos, na maioria das atividades escolares demonstrava-se isto, senti-me a vontade de permitir e confiar. Pois bem, não deu certo. A diretora e a coordenadora resolveram ficar se bronzeando, enquanto a minha filha era atirada na parte funda da piscina e sendo empurrada da corda bamba (tinha um lago embaixo) por uma colega. Segundo ela e outra colega que lá estava, a Natalia ficou aos berros pedindo para que parasse porque estava balançando muito.... No episódio da piscina, a Natalia foi tentar resolver sozinha conversando com o colega que a empurrou, já no da corda, ela resolveu conversar com as “responsáveis” (diretora e coordenadora). As duas reuniram o grupo para, ironicamente dizer: “Cada um tem que saber o seu limite, por isto, se alguém aqui não sabe nadar ou tem medo de ir a algum brinquedo, não vá!!...”  Dá pra acreditar?! Desde quando crianças e adolescentes sabem seus limites? Ao invés delas pedirem para que não usassem de brincadeiras que poderiam machucar os colegas, para que respeitassem o limite do outro, elas tiveram a “brilhante” ideia de podar o aluno em suas tentativas de arriscar em acabar com o seu próprio medo ou insegurança.
 Se soubesse que elas iriam ficar se bronzeando ao invés de se comprometerem em observar, cuidar as duas turmas (6º e 7º ano), não teria me empenhado autorizando a ida da minha filha.   
Quando chegaram do passeio, a diretora e coordenadora não me olhavam nos olhos. Ali mesmo pensei: Houve alguma coisa! E não deu outra!
Depois desse ocorrido, só liberava os passeios quando era aula passeio. No entanto, ficava inquieta pensando que tenho que soltar mais as minhas filhas, que sou muito chata, que tenho que deixar elas se virarem.... Pensando nisso resolvi liberar, no dia 05/05, para o passeio da escola dela aqui em Alegrete. Permiti, mesmo sabendo que era só passeio e não aula passeio, que fosse para Porto Alegre (exposição do Titanic e Museu de Ciências e Tecnologia – PUC). Foram alunos do ensino fundamental II e do ensino médio. A Natalia estava muito empolgada, porque ela adora a história do Titanic e, desde que saímos de Resende, ela estava querendo muito ir a esse Museu, porém, dois dias antes, ela ficou sabendo que somente duas colegas da sala iriam e que uma delas iria com a mãe, também professora da Natalia, e a outra tinha amigas em outras turmas. Depois que ela soube disto, ela quis desistir, mas queria ir, sabe como são adolescentes: “vou ficar sozinha, só conheço as duas meninas...” Essa fase (12 anos) já começam a manifestar maior equilíbrio, mas, ainda assim, demonstram receios, muitos questionamentos. Eu, fazendo o meu papel, dizia: Que isso minha filha, você vai conhecer pessoas novas, vai conhecer lugares diferentes....
Antes de entrar no ônibus a Natalia conversou com uma das professoras dela, disse que queria desistir.... A professora garantiu que iria dar atenção e que iria entrosá-la com outros colegas.... A Natalia se animou. Tentei conversar, explicar a insegurança da minha filha para essa mesma, literalmente, professorinha, mas ela não deixou terminar se quer uma frase. Ela estava na escada do ônibus e dali mesmo, na frente de um monte de pais, aproveitou para fazer um discurso demagogo e debochado. Aquela pessoa dizia em voz bem alta, não tem nada haver ela desistir (também achava isto), ela vai ficar lá com todo mundo junto (era o que eu esperava), imagina... e balançava a cabeça indicando recusa. Saí de lá falando com o meu marido: Não importa a maneira conforme ela se colocou (quem sabe ela queria aprovação em demasia, logo, autoestima baixa, logo, autoafirmação), o importante é ela fazer o que discursou.
Pois bem, além de terem esquecido três jovens em um dos shoppings na parte da tarde, à noite eles foram passear em outro shopping da cidade e quem ficou perdida, sozinha, foi a minha filha. A Natalia soube da perda dos três jovens depois que ela se perdeu, porque a professora relatou para ela o fato ocorrido como um exemplo de um acontecimento normal. A diferença dos fatos é que os três jovens se conheciam e estavam juntos.
No momento de comprar um sorvete dentro do shopping, pediram para que depois que a Natalia comprasse, encontrasse com elas em determinado lugar, até aí tudo bem.  Assim que ela comprou o sorvete, foi ao local combinado e não tinha ninguém lá. Olha, foi mais de uma hora de angústia. Graças a Deus que existe o celular, fiquei em contato com a Natalia e tentando entrar em contato com alguém da excursão. Em uma das ligações que fiz para avisar que elas achassem a minha filha que estava perdida dentro daquele shopping que, segundo a Natalia, estava lotado, antes de desligar o telefone, ouvi: “Onde deixamos a Natalia?...” .
Não esperaram para comprar o sorvete e caminhar todos juntos, por quê? Ninguém soube me explicar. Fez-se um discurso visando à vaidade, só de aparência. Falta de profissionalismo e de responsabilidade.    
Tive que chamar todos de irresponsáveis.... Lembrei para elas que, tanto pelo comportamento quanto pela Lei 8069, minha filha é adolescente e não adulta - Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade, digo isso, porque, como falo sempre, muitos pensam que por serem adolescentes e não mais crianças, então, que se virem!! Lembrei palavra por palavra para a professora que discursou. Foi um desgaste emocional muito grande.
Garanto que se eu escrevesse aqui os detalhes e mais algumas partes dessa história, mesmo vocês que não têm filhos, iriam à loucura.
         Infelizmente, mais um caso que não aconteceu ou acontece só comigo, pois já escutei vários relatos de mães que acompanham, se preocupam e, acima de tudo, educam seus filhos, passaram por situações parecidas.
Sei que algumas colegas que são professoras não gostam muito quando falo o que penso e/ou como está o professorado, no entanto, não posso me calar porque a banda podre da educação está crescendo cada vez mais. Não é somente aqui, não é somente em escolas públicas, é num todo.
Amigas (os) professoras (res), quando forem organizar ou participar de um passeio organizem também a mente para que não pensem que vão a fim de bater perna, tomar sol, fazer compras no shopping e sim para organizar, orientar, cuidar, observar os alunos. Se para se divertirem têm que deixar as responsabilidades de lado, é melhor que não se divirtam, neste caso, o momento de diversão deve ficar para quando estiverem fora do ambiente de trabalho. Educadores -Profissionais é o que precisamos!!  

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