quinta-feira, 15 de março de 2012

Teoria sem prática é só blá blá blá


Educar é transformar, é vivenciar, é ser crítico, é contemplar a realidade, sendo assim, por que ainda se insiste na dicotomia teoria-prática?
Paulo Freire deixa claro que “teoria é sempre a reflexão que se faz do contexto concreto isto é, deve-se partir sempre de experiências do homem com a realidade na qual está inserido, cumprindo também a função de analisar e refletir essa realidade, no sentido de apropriar-se de um caráter crítico sobre ela.”.
Essa insistência em dicotomizar teoria-prática, prejudica a aprendizagem, pois a Educação que se busca hoje é a que tenha um caráter libertador, dialético. Como se pode alcançar esse objetivo dissociando teoria-reflexão-ação?
Transformar é uma ação coletiva, social e política e mesmo sabendo disto, alguns profissionais da educação continuam insistindo em uma educação bancária e opressora, deixando de se comprometer com a transformação social, deixando de levar o aluno à criação, à experimentação, logo, à prática.
Essa questão me preocupa muito quando se chega à faculdade. Será que não deveria ser antecipado o tempo de estágio? Será que não seria mais fácil de entender o que se ouve, praticando mais cedo do que o que a lei de estágio propõe? Por exemplo, uma pessoa que escolheu fazer o curso de Pedagogia com intuito de dar aulas, será que o fato dela estagiar, entrar em uma sala de aula mais cedo para vivenciar a futura profissão, não a ajudaria a ter certeza do que quer? A propósito, os estágios deveriam ser melhores, ou seja, mais organizados, mais supervisionados, para serem mais aproveitados. “§ 1o  art. 7º - O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente”. Já vi muitos estagiários, em muitos momentos, sem nenhuma supervisão por perto. Supervisor em estágios geralmente é passeio, ou seja, só aparece bem de vez em quando.
É necessário que os estagiários vivenciem o que irá praticar. Por exemplo, estagiar para o curso de Direito em um fórum ou em um escritório de advocacia, na maior parte das vezes é colar etiquetas e ser digitadores, não vivenciam os autos dos processos, saem da faculdade sem saber praticamente nada e, quando são lançados no mercado de trabalho, ficam sem saber por onde começar, é visto como mais um desqualificado.
Acredito que não só os alunos da Educação Básica, mas também os universitários devem ser formados sabendo “ler o mundo” e não somente as palavras.
Será que realmente, na educação, desde a Educação Infantil, busca-se transformar o mundo ou se idealiza repetidores ao invés de criadores? É preciso ter a informação para criar, mas também é preciso ter a experiência. “Porque estudar pressupõe criar, recriar, e não apenas repetir o que os outros dizem...” 
É importante ressaltar que a teoria é muito importante, mas esta sem a prática, a meu ver, é puro blá blá blá!!  
"A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade." Paulo Freire

Cristina Calazans

2 comentários:

  1. Concordo plenamente com todas suas palavras Cristina, muito bem colocado seu texto, me identifiquei de cara com o título "Teoria sem prática é só blá blá blá" precisamos realmente de rever nossos conceitos de estágio para podermos ter uma prática efetiva que ajudará a nos colocarmos futuramente como profissionais de verdade!

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  2. Olá, Ana Carolina!! Tudo joia?
    Obrigada pela participação!! Que bom que vc gostou!!
    Esse assunto do estágio é muito preocupante mesmo. Os universitários são jogados nos estágios, geralmente não são bem preparados, fora isso, só começam a experimentar a profissão depois da metade da faculdade. Aff!
    Sinta-se à vontade, por aqui, mais vezes, ok?!
    Abçs

    Cristina Calazans

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